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ILDEU LOPES
( BRAÚNA )
Ildeu Lopes de Jesus, ou simplesmente Ildeu Braúna.
Nascido em Nova Esperança, Distrito de Montes Claros, Ildeu ainda se dedicou à política, tendo sido secretário de Cultura de Montes Claros por duas gestões.
Foi um dos fundadores do grupo Agreste, conjunto musical que gravou dois discos e marcou geração na década de 1980.
Ao lado do companheiro Téo Azevedo, Braúna compôs o sucesso Tocador de Boi, gravado pelo cantor Sérgio Reis. Com o cantor Pedro Boi, ele compôs A Lenda do Arco-Íris.
Nascido em Nova Esperança, Distrito de Montes Claros, Ildeu ainda se dedicou à política, tendo sido secretário de Cultura de Montes Claros por duas gestões.
Faleceu em Montes Claros, MG, em 31/05/2015, aos 62 anos de vida.
LOPES, Ildeu (Braúna); ROCHA, Maria Lúcia Nunes da. A Duas Mãos – Poesias—. .Patrocínio, MG: Gráfica Real Ltda, 1985. Capa: José Francisco Carvalho de Morais Ç(Chorró(). Edição dos autores, cada poeta começa uma capa, com numeração própria de páginas. Ex. bibl.; Antonio Miranda, doação do livreiro Brito (DF).
ESBOÇOS
As roupas sujas dependuradas
São como espantalhos expostos
Para tanger o meu sono
No faro das minhas narinas
Persiste o cheiro de você
No plano alvo da parede nua
O caminho sinuosos
Das formigas negras
Tem a forma do seu nome
E as sombras da noite
Projetadas na vidraça
Esboçam o seu perfil
BELÔ
Mas que cidade é essa?
Por onde vagueio às tontas,
Por onde meu pensamento rola
Pelas ladeiras tantas
Mas, que avenida é essa?
Por onde automóveis fluem
Como artéria onde o sangue egressa
Como sífilis que poluem
Mas, que cidade é essa?
Em que nas horas mortas,
Cães não ladram acuando vultos
Que só sirenes uivam com pressa
Buscando fatos que a cidade aborta
E que as autoridades mantém ocultos.
MIGRANTES
Quando viemos da roça, de muda
Eu e minha família, uma carroça
Atrelada a um burro magro, cansado
Trazia a mobília toda
Lembro do meu pai naquele dia,
Calado, cabisbaixo, curvado
Como quem deixava atrás de si
Um crime, bárbaro pecado
Lembro, a primeira visão da cidade
Naquele tempo, altaneira, a torre da matriz,
E o meu pai, displicente, monologava
— Meu Deus, meu Deus o que foi que fiz!...
No meu alumbramento caipira
Que a cidade grande atordoa,
Não sabia que a dor de meu pai aumentava
À medida que distanciava
Da fazenda, dos currais, dos lagos...
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Página publicada em setembro de 2021
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